Será que você nunca sentiu uma vontade enorme de ficar em
casa, descansando, num "dolce fare niente", mas não consegue
"gazetear" o trabalho? Será que você nunca teve uma gripe
"providencial" que o deixou de cama por uns dois dias, fazendo com
que você não pudesse trabalhar "oficialmente" e com a consciência
tranquila? Pois bem, essa é uma daquelas situações que Freud chamou de
interesse secundário na doença.
Criança faz muito isso. Seu filho nunca ficou doente, justo
antes de uma prova? Nunca ficou com uma febrona no dia do aniversário do seu
melhor amigo (seu, não dele, claro), obrigando-os a permanecer em casa?
Claro que sim! Se a gente faz, porque os pequenos não o
fariam? O importante é sabermos que esses fenômenos se passam a níveis
inconscientes, a criança não faz de propósito. Há atrás disso sentimentos como
raiva, medo, insegurança, talvez até ciúmes e muitos outros que até, de alguma
forma, aterrorizam a criança. Faz-se então necessário entender a situação. E
como? Abrindo espaço para a criança falar e o adulto também. Lembre-se que,
muitas vezes, a criança "fala" com o corpo, com gestos, com o olhar,
e muitas vezes, com palavras. Mas faz-se necessário abrir espaço para a criança
falar. E, para abrir esse espaço, é necessário que escutemos com atenção.
Lembre-se que escutar é bem diferente de ouvir.
Escutar é mais que ouvir, é compreender, assimilar, prestar
atenção, levar em conta o que o outro fala.
E você, simplesmente ouve ou escuta também?
É possível ouvir e escutar, sem entrar numa ânsia de falar,
falar, falar sem parar?
Você me ouviu ou me escutou? Você seria capaz de me dizer o
que é o interesse secundário na doença?
Grande abraço!!